17 setembro 2007

Uma manifestação pacífica pelos nossos pecados e de todo o povo.



O nosso país está indignado com as atitudes que vem sendo tomadas pelo meio político institucional brasileiro nos últimos anos, demonstrando uma falta de compromisso com a ética, e que veio culminar com um processo de cassação confuso e de conclusão questionável envolvendo o Sr. Renan Calheiros e os demais senadores.

Nós, cristãos e evangélicos, somos pela paz e pela harmonia, mas também pela justiça e pela verdade. Não podemos concordar com tais procedimentos tomados por essa importante casa da democracia brasileira e que deve ser regida por autênticos representantes do povo.

Por isso, vimos através desta convocá-lo a participar de uma manifestação na próxima quarta-feira, dia 19 de setembro, das 12h às 14h, em frente ao Congresso Nacional.

Será uma manifestação silenciosa e pacífica: todos vestidos de luto com faixas e cartazes contendo versículos bíblicos apropriados para o momento. Não iremos cantar, nem dançar, nem sorrir, nem nos alegrar. Vamos nos vestir de “pano de saco e cinza” (no nosso caso com vestes pretas, sinal de luto) e nos humilharmos diante de Deus, defronte o Congresso Nacional, clamando silenciosamente por nosso país. Não teremos carros de som, nem folhetos para serem distribuídos (não queremos sujar o local, nem sermos anti-ecológicos), nem teremos apresentações de cantores gospel, cânticos comunitários, muito menos frases em coro ensaiadas. Não será um momento para discursos efusivos, nem pregações acaloradas e arrebatadoras. Não! Chegaremos calados, mudos, empunhando versículos da Palavra de Deus, oraremos individualmente ou em pequenos grupos, e ao final do período determinado, voltaremos para os nossos afazeres. Silenciosos e incomodados.

Convidamos vocês a participarem conosco desse momento de quebrantamento, onde prevalece a injustiça, reina a impunidade, evidencia o destemor a Deus e subrepuja o pecado, atitudes estas encontradas não só no Senado Federal, mas em todos os âmbitos de nossa nação.

Que o Senhor tenha misericórdia do nosso Brasil!

10 setembro 2007

Nossa Música Brasileira

* fotografias e montagem: Fê Lopes


Comecei a minha caminhada cristã no início de 1981. Passaram-se 26 janeiros desde então. Mas eu jamais imaginei que um dia pudéssemos nos reunir num evento cristão, evangelical, reformado com o título “Nossa Música Brasileira”. Confesso que eu não tinha esperanças de que isso pudesse acontecer. O acampamento “Som do Céu” já era para mim um céu musical que me bastava. Mas o NMB chegou e veio reunir um pessoal que definitivamente sonha e trabalha para ver a Igreja cantando músicas sem o ranço cultural do Atlântico Norte.

Antes do meu encontro com Jesus eu ouvia muita MPB, das mais variadas linhas: de Chico Buarque e Milton Nascimento a Altemar Dutra e Nelson Gonçalves, passando por Luiz Gonzaga, Demônios da Garoa, Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco, Boca Livre, Djavan, Jackson do Pandeiro, Rolando Boldrim, os mineiros do Clube da Esquina entre vários e vários outros. Confesso (e não me vanglorio disso não...) que Beatles nem Elvis Presley nunca fizeram muito a minha cabeça, embora alguns amigos próximos curtissem muito. Não foi falta de oportunidade.

Aí, de repente, adentro as portas da Igreja, e a sonoridade da qual me afeiçoava muda completamente. Havia até algum esforço da parte de uma pequeníssima minoria de fazer um som mais brasileiro, mas aquilo me soava algo como um samba de japonês ou um baião de iugoslavo. Não batia redondo não. Faltava suingue. Faltava uma melodia que realmente carregasse as características daquele estilo musical; soava forçado e inadequado.

Não estou aqui jogando pedra em ninguém. Eu me incluo nessa deturpação, pois gradativamente fui deixando de ouvir as músicas que ouvia antes e também fui perdendo o jeitão, infelizmente. No fundo, eu me perguntava: será que um dia vamos conseguir produzir verdadeiramente música brasileira? Ou será que jamais conseguiremos abraçar a nossa cultura musical totalmente? Acho que estamos caminhando a passos largos para essa realidade. Glória a Deus!

O grande contentamento que me leva a escrever esse artigo, é que no final de semana passado eu vislumbrei a terra prometida. Não sei se estou para Moisés ou para Josué... não sei se pisarei os meus pés nessa terra ou se trabalho para que a próxima geração usufrua. Mas o simples fato de vê-la, já me enche o coração de alegria.

O NMB representou muito para mim. Estavam reunidos ali representantes de uma geração incomodada com a mesmice musical que tomou conta da igreja brasileira. O fato de ajuntar os músicos Silvestre Khulmann, Glauber Plaça, Stênio Marcius, João Alexandre, Roberto Diamanso, Gilson Resende e este que vos escreve, foi um fato inédito. Comum a todos era a labuta pelo resgate da sonoridade verde-amarela.

Eu já conhecia pessoalmente alguns deles. Os demais eu já tinha conversado por e-mail e telefone. Lembro-me do Stênio no ano da minha conversão, cantando no Acampamento Louvor, em Goiânia, com o pessoal dos Jovens da Verdade e Grupo Atos. Com eles aprendemos algumas músicas que anos mais tarde se tornariam parte do repertório do primeiro LP do Expresso Luz – “Seara” e “Sinta o amor”. Dois anos depois, em 1983, no Acampamento Jovens em Cristo, Parelheiros (SP), vi um garoto virtuose acompanhando Vencedores Por Cristo com seu violão. Era uma das primeiras apresentações do João Alexandre com o grupo. Ali mesmo iniciamos uma amizade que perdura até hoje. Vale a pena citar que essa equipe de VPC fez história. Ela foi a base daquele que viria a ser, anos mais tarde, o Ministério de Louvor e Adoração – MILAD, sob a batuta do Nelson Pinto Júnior.

Conheci o Gilson Resende nos anos 90, quando MPC e VINDE realizavam juntos os Congressos para Juventude em Guarapari (ES). Obreiro da missão Jovens da Verdade e inseparável companheiro do Jaziel Botelho naquelas alturas, eles sempre estavam juntos conosco nas ministrações para a rapaziada.

Silvestre, Glauber e Diamanso conheci mais recentemente. Fomos aproximados pela coluna “Novos Acordes”, na revista Ultimato. Tive o privilégio de apresentar os seus trabalhos aos leitores desse importante periódico.

São todos eles músicos de alto nível e representam o que de melhor a música cristã brasileira produz nos dias atuais, ao lado de tantos outros como Gerson Borges (SP), Céu na Boca (Brasília), Vandilson Morais (Campina Grande), Gladir Cabral (Criciúma), Baixo e Voz (Ribeirão Preto), Atilano Muradas (atualmente nos EUA), Priscila Barreto (SP), Shirley Espíndola (Jundiaí), Sal da Terra (Garanhuns), Crombie (Niterói), Tiago Vianna, Fabinho Silva (São Paulo) e mais umas centenas de tantos outros que não se dobraram diante do deus-mercado. Isso sem falar dos já consagrados pelo tempo de estrada como Nelson Bomilcar, Expresso Luz , Quarteto Vida, Jorge Camargo, Guilherme Kerr, Aristeu Pires etc.

O “Nossa Música Brasileira” aconteceu e de agora em diante se tornou uma necessidade. Deixou um gostinho de quero mais. As participações do Ariovaldo Ramos e do Gedeon vieram trazer o equilíbrio necessário entre a produção e mostra da arte e a reflexão bíblico-teológica e sociológica, fundamentais para uma leitura crítica de nós mesmos.

Fiquei sabendo que Raquel do JV já está se preparando para o próximo. Eu espero que o NMB se torne mais do que um evento. Desejo que se torne um movimento e que agregue muitas outras forças para juntos construirmos um panorama mais diversificado para as artes no Brasil. É um sonho... e estamos muito perto de realizá-lo, com a graça de Deus.