26 maio 2008

Canção do Araguaia



Letra: Francisca Philemon Mascarenhas
Música: Joaquim Edison Camargo

Quando o pau d’arco floresce,
fazendo sombra no chão
Meu coração entristece,
saudades lá do sertão

Se eu lá pudesse voltar
Ver o Rio Araguaia
E ver o índio rolar
na branca areia da praia

Ouvir o mutum gemer
na hora crepuscular
E o velho índio tecer
a rede que vai pescar.

Cantar sentado na areia
ao som do meu violão
Em noites de lua cheia,
cantigas lá do sertão...

Matei a vontade

Eu, Cláudia, os filhos Anna e Cézar - todos abraçando a Inezita.

Nesse dias prá trás assisti um show que sempre desejei: Chico Lobo, Inezita Barroso e, de quebra, o Moxuara, que ainda não conhecia. Foi um belíssimo momento. Fiz questão de levar os filhos mais novos que vivem sob a ditadura da música norte-americana.
Nos regalamos e ainda, ao final, incentivado pelo amigo Chico Lobo, fomos apresentados para a musa da música caipira de raiz, Inezita. Que coisa boa, que coisa maravilhosa. Bãodemaisdaconta, sô!!! Música da alma de um povo, que toca no fundo do coração.




Chico Lobo (grande violeiro), eu e o Flávio do Moxuara

Uma volta ao passado


Depois de 15 longos anos voltei ao Rio Araguaia. Como pude viver todo esse tempo sem voltar às suas margens, sem beber da sua liberdade, sem caminhar por suas brancas areias? Que belo foi reencontrar o Boto dançando nas suas águas, sentir a cruviana soprando enquanto deitado na rede, navegar a infinitude de seu leito, se deleitar nas belezas ocultas do Lago Cocal, do São José...

Foi bom demais sentir o mandubé cantando na linha de pesca, tocar viola sentindo a brisa leve do rio soprar. Foi reencontrar com boa parte de mim perdida nas muitas ocupações da corrida vida.

Lembrei-me quando era menino, 10 anos, boquiaberto, no porto de Bandeirantes, olhando para aquele “mar” como se não pudesse existir nada mais tão belo e tão imenso. Depois tomar o batelão e atravessar o rio, ouvindo aquele homem embriagado de cachaça e de beleza gritar incontido: “Eita, Araguaia moleque”. Pisar o solo matogrossense pela primeira vez e sentir a areia branca e fina cantar nos pés... uip, uip, uip...

Foi um retorno, foi um reencontro.

Como Deus faz coisas tão belas! A natureza revela o amor de Deus, seu poder e sua infinitude. Louvado seja o Senhor!