Passaram-se vinte anos desde aquele janeiro de 1988. Foi um mês de emoções muito intensas. Pela primeira vez, desde que havia me tornado obreiro em tempo integral da Mocidade Para Cristo eu não ia à Temporada de Janeiro do nosso acampamento em BH. A razão era apenas uma: a Cláudia minha esposa estava nos dias para dar à luz do nosso primeiro filho. Por isso ficamos em Goiânia curtindo o prudente resguardo.
Um dia bem cedo, o telefone de casa tocou. Era o Marcelo Gualberto, amigo do coração com a voz embargada. A notícia era trágica. Janires, o nosso querido Rev. Jajá, havia falecido naquela segunda-feira, dia 11 de janeiro de 1988, às 3h30 da madrugada, em Três Rios, num acidente com o ônibus que o trazia do Rio para BH. Por isso ele não havia chegado para o Clubão na noite daquela segunda. Por isso ele não estava ministrando a música na manhã de terça no acampamento, como era esperado. O corpo foi reconhecido por uns amigos da MPC em Petrópolis e imediatamente ligaram para o escritório em BH.
Na quarta-feira, dia 13, o corpo dele foi velado em Brasília e realizado o culto no templo da Igreja Nova Vida, às 15h. Depois foi sepultado no Cemitério Campo da Esperança. Muito embora eu morasse na época em Goiânia, distante apenas 200 km da Capital Federal, só consegui chegar para o sepultamento, diretamente no cemitério. Naquele manhã tive que levar a Cláudia para alguns exames porque a médica havia detectado que o bebê estava passando por um sofrimento com o amadurecimento precoce da placenta. Com isso tivemos que antecipar o nascimento dele. No dia 19 nasceu o Pedro, nosso primogênito, muito aguardado e amado. O nosso coração se dividia entre a alegria da chegada do Pedro e a tristeza da partida do Janires.
Foram dias, meses, porque não dizer anos, de um profundo luto na MPC. Lembro-me como hoje o tanto que choramos naquele Som do Céu sem a presença de um de seus mentores, o velho Jajá. Quando a Banda Azul tocou tive que sair do circo tamanho nó na garganta.
Conheci o Janires no dia 25 de maio de 1985. Ele passou por Goiânia, para rever o seu amigo Baltazar – artilheiro de Deus, que na época jogava na Espanha, mas passava pela cidade para uns dias com a família. Ele aproveitou a oportunidade e fez uma participação especial no Clubão. Depois disso só voltei a encontrá-lo em BH no Treinamento de Líderes, em janeiro de 1986.
Desta feita o encontro foi estranho, como às vezes ele era estranho. Eu o cumprimentei, mas parece-me que ele não se lembrou que já nos conhecíamos. Me tratou de maneira áspera, como tratava todo aquele ou aquela que vinha com tietagem pro seu lado. Não era o caso – eu apenas o cumprimentei e perguntei como iam as coisas. Depois dessa atitude dele, adotei a postura de ficar na minha. No entanto, no almoço do outro dia eu estava no refeitório, totalmente sem grana para comprar um refrigerante – coisas de um missionário. De repente vi um vulto colocar na minha frente um refrigerante. Quando levantei o rosto vi que era o Janires. Ele me olhou e disse: “É pra você!”. Imagino que havia se lembrado do nosso encontro em Goiânia e, ao mesmo tempo, percebeu que eu estava sem dinheiro. Aliás, essa sensibilidade era uma de suas fortes características.
Daí para frente cresceu uma amizade sólida entre nós. Sempre que visitava sua mãe em Brasília, passava uns dias em minha casa, em Goiânia. Fizemos clubinhos bíblicos juntos, impactos, clubões, acampamentos e muitas outras atividades. Só no ano de 1987 a Banda Azul esteve em Goiânia seis vezes.
Foi ele quem nos indicou o Estúdio 464 no Rio, do Hermínio, para gravarmos o primeiro LP do Expresso Luz. Na ocasião o Expresso foi cantar na MPC Petrópolis, em junho de 1987 e descemos ao Rio para conhecer o estúdio. Lá estava a Banda Azul gravando o “Espelho nos Olhos”. Um mês depois voltaríamos ao Rio para gravar o nosso disco.
Certa feita recebemos uma ligação internacional em casa. Era o velho Jajá, diretamente dos EUA: “Carlinhos, tô levando um baixo para você”. Ele sabia que eu não tinha ainda meu instrumento e sempre precisava de que alguém me emprestasse. Era um Ibanez, cor de madeira, maravilhoso.
Agora, vinte anos depois de sua morte, aceito o desafio do Marcelo Gualberto de pensarmos num show que relembre a obra do Janires. Estou aqui ouvindo novamente aquelas canções que fizeram a nossa cabeça e, consequentemente, relembrando os nossos encontros. Percebo o tanto que o contexto da música cristã mudou, como os valores do passado se perderam e como hoje os artistas cristãos pensam muito mais na sua carreira e no sucesso pessoal invés de consagrarem suas vidas no anúncio de Cristo Jesus através das canções e da vida.
Deu uma vontade doida de gravar um CD só com músicas do velho Jajá, com arranjos bem brasileiros, do jeito que sei e gosto de fazer. É um sonho... Espero que os detentores dos direitos autorais dessas canções me permitam levar esse sonho adiante.
Nesses dias, nesse exercício de olhar para o passado, tenho como que reconsagrado ao Senhor a minha vida e a minha música e pedido para que Ele me guie por suas veredas. Desejo, assim como Janires e tantos outros homens e mulheres de Deus, deixar um rastro luminoso por detrás, sinal claro de Deus em minha vida. Que seja assim, para a Glória do Pai!
Um dia bem cedo, o telefone de casa tocou. Era o Marcelo Gualberto, amigo do coração com a voz embargada. A notícia era trágica. Janires, o nosso querido Rev. Jajá, havia falecido naquela segunda-feira, dia 11 de janeiro de 1988, às 3h30 da madrugada, em Três Rios, num acidente com o ônibus que o trazia do Rio para BH. Por isso ele não havia chegado para o Clubão na noite daquela segunda. Por isso ele não estava ministrando a música na manhã de terça no acampamento, como era esperado. O corpo foi reconhecido por uns amigos da MPC em Petrópolis e imediatamente ligaram para o escritório em BH.
Na quarta-feira, dia 13, o corpo dele foi velado em Brasília e realizado o culto no templo da Igreja Nova Vida, às 15h. Depois foi sepultado no Cemitério Campo da Esperança. Muito embora eu morasse na época em Goiânia, distante apenas 200 km da Capital Federal, só consegui chegar para o sepultamento, diretamente no cemitério. Naquele manhã tive que levar a Cláudia para alguns exames porque a médica havia detectado que o bebê estava passando por um sofrimento com o amadurecimento precoce da placenta. Com isso tivemos que antecipar o nascimento dele. No dia 19 nasceu o Pedro, nosso primogênito, muito aguardado e amado. O nosso coração se dividia entre a alegria da chegada do Pedro e a tristeza da partida do Janires.
Foram dias, meses, porque não dizer anos, de um profundo luto na MPC. Lembro-me como hoje o tanto que choramos naquele Som do Céu sem a presença de um de seus mentores, o velho Jajá. Quando a Banda Azul tocou tive que sair do circo tamanho nó na garganta.
Conheci o Janires no dia 25 de maio de 1985. Ele passou por Goiânia, para rever o seu amigo Baltazar – artilheiro de Deus, que na época jogava na Espanha, mas passava pela cidade para uns dias com a família. Ele aproveitou a oportunidade e fez uma participação especial no Clubão. Depois disso só voltei a encontrá-lo em BH no Treinamento de Líderes, em janeiro de 1986.
Desta feita o encontro foi estranho, como às vezes ele era estranho. Eu o cumprimentei, mas parece-me que ele não se lembrou que já nos conhecíamos. Me tratou de maneira áspera, como tratava todo aquele ou aquela que vinha com tietagem pro seu lado. Não era o caso – eu apenas o cumprimentei e perguntei como iam as coisas. Depois dessa atitude dele, adotei a postura de ficar na minha. No entanto, no almoço do outro dia eu estava no refeitório, totalmente sem grana para comprar um refrigerante – coisas de um missionário. De repente vi um vulto colocar na minha frente um refrigerante. Quando levantei o rosto vi que era o Janires. Ele me olhou e disse: “É pra você!”. Imagino que havia se lembrado do nosso encontro em Goiânia e, ao mesmo tempo, percebeu que eu estava sem dinheiro. Aliás, essa sensibilidade era uma de suas fortes características.
Daí para frente cresceu uma amizade sólida entre nós. Sempre que visitava sua mãe em Brasília, passava uns dias em minha casa, em Goiânia. Fizemos clubinhos bíblicos juntos, impactos, clubões, acampamentos e muitas outras atividades. Só no ano de 1987 a Banda Azul esteve em Goiânia seis vezes.
Foi ele quem nos indicou o Estúdio 464 no Rio, do Hermínio, para gravarmos o primeiro LP do Expresso Luz. Na ocasião o Expresso foi cantar na MPC Petrópolis, em junho de 1987 e descemos ao Rio para conhecer o estúdio. Lá estava a Banda Azul gravando o “Espelho nos Olhos”. Um mês depois voltaríamos ao Rio para gravar o nosso disco.
Certa feita recebemos uma ligação internacional em casa. Era o velho Jajá, diretamente dos EUA: “Carlinhos, tô levando um baixo para você”. Ele sabia que eu não tinha ainda meu instrumento e sempre precisava de que alguém me emprestasse. Era um Ibanez, cor de madeira, maravilhoso.
Agora, vinte anos depois de sua morte, aceito o desafio do Marcelo Gualberto de pensarmos num show que relembre a obra do Janires. Estou aqui ouvindo novamente aquelas canções que fizeram a nossa cabeça e, consequentemente, relembrando os nossos encontros. Percebo o tanto que o contexto da música cristã mudou, como os valores do passado se perderam e como hoje os artistas cristãos pensam muito mais na sua carreira e no sucesso pessoal invés de consagrarem suas vidas no anúncio de Cristo Jesus através das canções e da vida.
Deu uma vontade doida de gravar um CD só com músicas do velho Jajá, com arranjos bem brasileiros, do jeito que sei e gosto de fazer. É um sonho... Espero que os detentores dos direitos autorais dessas canções me permitam levar esse sonho adiante.
Nesses dias, nesse exercício de olhar para o passado, tenho como que reconsagrado ao Senhor a minha vida e a minha música e pedido para que Ele me guie por suas veredas. Desejo, assim como Janires e tantos outros homens e mulheres de Deus, deixar um rastro luminoso por detrás, sinal claro de Deus em minha vida. Que seja assim, para a Glória do Pai!