12 dezembro 2008

O Eterno entre nós


Sabemos que a data na qual comemoramos o Natal é fictícia e de valor simbólico. É praticamente certo que Jesus tenha nascido num outro dia, que não o 25, num outro mês, que não o de dezembro, e num outro ano que não o ano 1 d.C. (ou o ano 0). Muitos historiadores se ocupam em estudar a possível data do nascimento. Sabe-se, porém, que o dia 25 de dezembro foi determinado como a data do natal por questões de proselitismo religioso. Em 221 d.C. o historiador cristão Julius Africanus definiu esse dia, pois nele era celebrado o culto ao deus persa Mitra, que ganhou dos romanos uma data de celebração especial: o Festival do Sol Invicto. Como a igreja cristã da época tinha interesse em angariar novos fiéis, acabou por incorporar o 25 de dezembro ao seu calendário.

Mas, apesar das evidências contrárias às comemorações do Natal, não podemos nos deixar levar por questões que ofuscam a importância da vinda de Jesus Cristo ao mundo. Mais importante do que sabermos a data real do evento, é reconhecermos o fato concreto do evento. Jesus nasceu! “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14). Sua vinda, dentro da trama espaço-tempo, foi meticulosamente estabelecida pelo Pai: “Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da Lei, a fim de redimir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gálatas 4.4,5). Quando Cristo Jesus nasceu, o mundo havia sido preparado para recebê-lo. Os fatos históricos foram cuidadosamente arranjados. Cristo veio na plenitude do tempo.

Vários profetas que antecederam a Jesus já prediziam, com riquezas de detalhes o seu nascimento. Por exemplo, Isaías, que viveu 700 anos antes, um profeta do Palácio do rei, dizia que Jesus nasceria de uma virgem (Is 7.14). Miquéias, contemporâneo de Isaías, que vivia no campo, revelava que o Filho de Deus nasceria na pequena e insignificante Belém (Mq 5.2), uma cidade que tinha uma população aproximada de 400 pessoas na época do advento. Zacarias, o profeta posterior ao exílio babilônico, por volta do ano 520 a.C, dizia que o rei viria justo e vitorioso, porém humilde e montado num jumento (Zc 9.9). Riqueza e glória, humildade e pobreza – que contraste!

E assim nasceu Jesus, cumprindo o que o Senhor havia dito, por meio dos seus profetas. Veio como luz, para iluminar as trevas da existência humana. Veio como Paz, para o atribulado povo em conflito.

Aproveite essa oportunidade e agradeça a Deus por Jesus Cristo, o Messias, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Volte-se para Ele e celebre a Deus por esse maravilhoso acontecimento histórico – o dia em que o Eterno irrompeu, de maneira humilde e singela, o nosso espaço-temporal limitado com o fim de nos revelar o Seu imenso amor. Glória a Deus nas maiores alturas.

27 novembro 2008

você conhece o plataforma?

O Plataforma é um programa musical feito exclusivamente para a internet. A cada semana entra um novo programa no ar, com uma média de cinco minutos cada. Até acho que seria interessantíssimo colocá-lo também na televisão. É muito bem feito, com uma qualidade admirável.

Já passaram por lá João Alexandre, Gladir Cabral, Jorge Camargo, Glauber Plaça, Silvestre Kuhlmann, entre outros. Vale a pena conferir!

Em breve estarei por lá também, acompanhado do amigo-irmão sanfoneiro Enos Marcelino (foto).

O endereço é o seguinte: http://www.plataforma.art.br/.

e o projeto chegou ao seu final

A última edição do projeto Pelas Estradas desses brasis aconteceu na segunda-feira, dia 24 de novembro de 2008 com o show dos músicos Carlinhos Veiga e Telo Borges. Foi uma linda festa!


Carlinhos, acompanhado de sua banda entoou canções de seus CDs, além de músicas consagradas da MPB, como Correnteza (Tom Jobim) e Cravo e Canela (Milton Nascimento e Fernando Brant). Telo Borges mostrou várias de suas músicas, algumas consagradas, como Vento de Maio, Voa Bicho e Tristesse, essa última em parceria com Milton Nascimento que de tão bela lhes valeu o Grammy Awards 2003.

Ao final Carlinhos (viola caipira e violão) e Telo Borges (teclados) cantaram juntos algumas músicas acompanhados pela banda formada pelos músicos Pedro Veiga (baixo), Marcus Moraes (violão), Enos Marcelino (sanfona), Leo Barbosa (percussão) e Ismael Rattis (percussão).

Pelo que vimos nas quatro edições, o projeto tem tudo para voltar a acontecer em 2009. A FUNARTE tem demonstrado muito interesse em vê-lo novamente em cena. Agora é esperar!

22 outubro 2008

pelas estradas desses brasis - 3a edição

Você não pode perder. Nessa terceira edição Carlinhos Veiga convida Expresso Luz.

Segunda-feira, dia 27 de outubro na sala Cássia Eller do Complexo Cultural da Funarte, em Brasília, às 20h.

Imperdível!!!


21 outubro 2008

e o projeto segue...

Depois de muitas lutas e dificuldades estamos seguindo para a terceira edição do projeto “Pelas estradas desses brasis”. A cada show uma nova sensação. O público tem comparecido e gostado do que tem visto e ouvido. O som feito pela Estação Um, sob a regência do CA (Carlos Adriano), o cenário “viajante” da Márcia Pacheco, e a iluminação sob a responsabilidade dos funcionários da FUNARTE têm colaborado e muito para a valorização da música de Carlinhos Veiga e seus convidados.

No primeiro show Carlinhos contou com a presença do Stênio Marcius, de São Paulo. Juntos fizeram o público viajar pelas estradas desse país, ao som de suas melodias e poesias, mescladas com canções da MPB já consagradas. Foi um show de alto nível.

Na segunda edição Carlinhos recebeu o amigo maranhense Rubão, que com seu carisma e simpatia embeveceu o público ao som de reggae, toada, bumba-meu-boi, entre outros sons regionais. Foi um show inesquecível e de rara beleza.

Agora esperamos a presença do Expresso Luz, em outubro, e Telo Borges, em novembro. A cada show uma nova viagem. Não perca!

O projeto Pelas Estradas desses Brasis acontece na Sala Cássia Eller do Complexo Cultural da FUNARTE, em Brasília. Mais informações com Leo Barbosa pelo fone (61) 8424-0541 ou Cláudia Barbosa (61) 9218-1302.

Se você deseja levar esse projeto até a sua cidade, fale conosco!

21 setembro 2008

Pelas estradas desses brasis - 2a edição

Depois do sucesso da primeira edição do projeto Pelas Estradas desses Brasis, agora vem a segunda edição com o companheiro Rubão, trazendo a sua música maranhense. Imperdível!


20 setembro 2008

Um giro por Nova Iorque

Pedro, Leo, Cláudia, Carlinhos, Eline e Enos na Times Square

Já estive outras vezes nos EUA. Mas dessa vez era diferente. O destino era a famosa e admirada Nova Iorque. Desde o início sabíamos que era uma porta que Deus estava abrindo e isso implicaria em uma consciência das muitas lutas espirituais que enfrentaríamos. No grupo participavam seis pessoas: eu (voz, viola caipira e violão), Cláudia Barbosa (voz e flauta transversal), Eline Márcia (voz e percussão), Leo Barbosa (percussão), Pedro Veiga (baixo) e Enos Marcelino (acordeom).

Essa oportunidade surgiu por intermédio do nosso amigo e irmão Osvaldo Morais, que é presbítero da igreja que pastoreio em Brasília. Ele se mudou para os EUA por questões de trabalho e foi morar em Nova Iorque. Lá ele compartilhou com o Pr Paulo Capelozza que seria interessante nos levar para uma série de trabalhos evangelísticos no período do Brazilian Day. Pr Paulo comprou a idéia e trabalhou numa agenda compartilhada com vários outros pastores da região.


Foram ao todo 13 apresentações em 15 dias de viagem. Foi assim que pedimos, pois tínhamos consciência que estávamos ali para servir aos irmãos. As nossas apresentações cumpriam com pelo menos três finalidades diferentes: culturais, evangelísticas e de edificação. É claro que em todas elas o nosso objetivo era a glória de Cristo e a extensão do Seu Reino.


Ainda no Brasil começamos a sonhar com a possibilidade de nos apresentarmos no Brazilian Day. Oramos por isso. E Deus abriu portas que nem imaginávamos. Fomos o grupo que fechou uma série de shows na prévia do evento, acontecida no sábado, num palco instalado na rua 46, entre a Madison e a 6ª avenida. Tocamos cerca de uma hora e quinze, apresentando um mix de MPBs e canções do grupo.


No dia seguinte, dia da grande festa que reuniu mais de um milhão de pessoas, tocamos na calçada da mesma rua 46, vendo o povo em volta de alegrando conosco. Uma equipe de irmãos da Igreja Batista Brasileira Metro, do Pr Paulo Capelozza, distribuiu milhares de literaturas cristãs e convites para os cultos daquela comunidade. Enquanto isso cantávamos acusticamente, sem microfones e sem som e sob a claridade reluzente daquele maravilhoso e ensoladado domingo. Não tenho dúvida que a Palavra foi semeada. Um dia saberemos o resultado desse trabalho.


Além dessas duas apresentações, cantamos em sete igrejas em Manhattan, New Jersey, Astória (Queens), Briedgport e Newark. Participamos também de dois momentos musicais muito gostosos e intimistas em jantares: um em Manhattan e outro na Pensilvânia.


Voltamos felizes com as muitas pessoas que se decidiram por Jesus, por tantas outras que foram animadas com as canções da banda e as pregações que eu e a Cláudia fizemos. Louvamos a Deus pela oportunidade de anunciar a Sua Palavra em tantos locais. É um privilégio e uma responsabilidade. O que nos compete nisso tudo é sermos fiéis. O resto, e o mais importante, é com o Senhor.

Nossos agradecimentos ao Osvaldo Morais e família, Pr Capelloza e família, Luiz Volcov e todos os pastores e líderes que nos receberam de maneira tão carinhosa. Que o Senhor os recompense.

19 agosto 2008

24 julho 2008

Chega mais, amigo!

Obrigado, amigo, por vir me visitar. Se assente, tome um café. Vamos prosear e falar das belezas da vida, das surpresas da noite, dos cantos do nascer do sol, das poesias do entardecer. Coisa boa é ter amigos... gente pra dividir a alegria e o choro... dividir o coração. Amar e sentir-se amado; acolher e ser acolhido.

Lembrar os tempos de outrora, as brincadeiras infantis e os sorrisos marotos da adolescência. O compartir nas altas horas da noite, quando o coração se rasga feito papel de seda e desvela tantas coisas que na clareza do dia a gente tem vergonha de dividir.

Que isso, amigo... Tá cedo! Fique mais um pouco... Fale de si. Fale da sua vida. Deixe a alma dizer. Não tenha receio, estamos sós... nós e Deus. Quando a gente fala, as idéias se ajeitam na cachola, se encaixam e a gente consegue ver um jeito para as coisas desajeitadas e sem jeito. Fala aí, rapaz. Abra o coração. Sou seu amigo, lembra?!?

Sei que tudo parece difícil, mas não se esqueça dos sonhos... Eles não podem morrer. Precisamos continuar cultivando os sonhos pra não morrermos com eles. Se a vida deixa de ser sonhada, os sonhos deixam de ser vividos. E aí toda subjetividade que embala o coração da gente se transforma em objetividade prática, racional. A lógica se instala de maneira tão pragmática que perdemos a paixão e a sensibilidade. Perdemos o sorriso e a boa prosa que fala dos sonhos.

É verdade! Tá ficando tarde. Precisamos seguir. Mas não deixe de passar por aqui vez em quando. Pra gente prosear mais e cultivar nossa amizade companheira. Vá na Paz, amigo. Deus te abençoe... Amém nós todos!

17 julho 2008

projeto pelas estradas desses brasis


Tudo começou quando eu me deparei com as novas produções daqueles que foram sempre os meus referenciais musicais. Cada letra estranha... uma banalização do sexo, uma miniaturalização do sentimento, uma desumanização do semelhante...

Foi quando pensei que os artistas precisam se manifestar promovendo uma música que fale da vida, que fale do outro, que fale de Deus, que fale dos valores do Reino de Deus.

Numa tarde o Léo me liga: “vamos fazer um projeto para a Funarte?”. Beleza, pensei! Dali poderemos fazer algo que contribua para uma vida mais bela e assim semear os nossos sonhos e a Palavra que transforma mundos e tempos.

Assim surgiu o projeto “PELAS ESTRADAS DESSES BRASIS – Carlinhos Veiga convida”. Serão quatro meses de projeto, quatro segundas-feiras, quatro apresentações, quatro convidados, quatro estados brasileiros representados. Músicos que valorizam a música popular brasileira de qualidade.

Anote na sua agenda e participe! Sala Cássia Eller do Complexo Cultura Funarte, em Brasília.

Dia 18 de agosto – Carlinhos Veiga convida Stênio Március (SP)
Dia 22 de setembro – Carlinhos Veiga convida Rubão (MA)
27 de outubro – Carlinhos Veiga convida Expresso Luz (GO)
24 de novembro – Carlinhos Veiga convida Telo Borges (MG)

A festa já foi preparada. Só falta você aparecer.

Ingressos a 20 reais a inteira e 10 reais a meia.

26 maio 2008

Canção do Araguaia



Letra: Francisca Philemon Mascarenhas
Música: Joaquim Edison Camargo

Quando o pau d’arco floresce,
fazendo sombra no chão
Meu coração entristece,
saudades lá do sertão

Se eu lá pudesse voltar
Ver o Rio Araguaia
E ver o índio rolar
na branca areia da praia

Ouvir o mutum gemer
na hora crepuscular
E o velho índio tecer
a rede que vai pescar.

Cantar sentado na areia
ao som do meu violão
Em noites de lua cheia,
cantigas lá do sertão...

Matei a vontade

Eu, Cláudia, os filhos Anna e Cézar - todos abraçando a Inezita.

Nesse dias prá trás assisti um show que sempre desejei: Chico Lobo, Inezita Barroso e, de quebra, o Moxuara, que ainda não conhecia. Foi um belíssimo momento. Fiz questão de levar os filhos mais novos que vivem sob a ditadura da música norte-americana.
Nos regalamos e ainda, ao final, incentivado pelo amigo Chico Lobo, fomos apresentados para a musa da música caipira de raiz, Inezita. Que coisa boa, que coisa maravilhosa. Bãodemaisdaconta, sô!!! Música da alma de um povo, que toca no fundo do coração.




Chico Lobo (grande violeiro), eu e o Flávio do Moxuara

Uma volta ao passado


Depois de 15 longos anos voltei ao Rio Araguaia. Como pude viver todo esse tempo sem voltar às suas margens, sem beber da sua liberdade, sem caminhar por suas brancas areias? Que belo foi reencontrar o Boto dançando nas suas águas, sentir a cruviana soprando enquanto deitado na rede, navegar a infinitude de seu leito, se deleitar nas belezas ocultas do Lago Cocal, do São José...

Foi bom demais sentir o mandubé cantando na linha de pesca, tocar viola sentindo a brisa leve do rio soprar. Foi reencontrar com boa parte de mim perdida nas muitas ocupações da corrida vida.

Lembrei-me quando era menino, 10 anos, boquiaberto, no porto de Bandeirantes, olhando para aquele “mar” como se não pudesse existir nada mais tão belo e tão imenso. Depois tomar o batelão e atravessar o rio, ouvindo aquele homem embriagado de cachaça e de beleza gritar incontido: “Eita, Araguaia moleque”. Pisar o solo matogrossense pela primeira vez e sentir a areia branca e fina cantar nos pés... uip, uip, uip...

Foi um retorno, foi um reencontro.

Como Deus faz coisas tão belas! A natureza revela o amor de Deus, seu poder e sua infinitude. Louvado seja o Senhor!

03 março 2008

Saudades do amigo

Foto tirada em junho de 1987, na cozinha de meu apartamento, em Goiânia, enquanto o Janires preparava um chimarrão prá gente.


Passaram-se vinte anos desde aquele janeiro de 1988. Foi um mês de emoções muito intensas. Pela primeira vez, desde que havia me tornado obreiro em tempo integral da Mocidade Para Cristo eu não ia à Temporada de Janeiro do nosso acampamento em BH. A razão era apenas uma: a Cláudia minha esposa estava nos dias para dar à luz do nosso primeiro filho. Por isso ficamos em Goiânia curtindo o prudente resguardo.

Um dia bem cedo, o telefone de casa tocou. Era o Marcelo Gualberto, amigo do coração com a voz embargada. A notícia era trágica. Janires, o nosso querido Rev. Jajá, havia falecido naquela segunda-feira, dia 11 de janeiro de 1988, às 3h30 da madrugada, em Três Rios, num acidente com o ônibus que o trazia do Rio para BH. Por isso ele não havia chegado para o Clubão na noite daquela segunda. Por isso ele não estava ministrando a música na manhã de terça no acampamento, como era esperado. O corpo foi reconhecido por uns amigos da MPC em Petrópolis e imediatamente ligaram para o escritório em BH.

Na quarta-feira, dia 13, o corpo dele foi velado em Brasília e realizado o culto no templo da Igreja Nova Vida, às 15h. Depois foi sepultado no Cemitério Campo da Esperança. Muito embora eu morasse na época em Goiânia, distante apenas 200 km da Capital Federal, só consegui chegar para o sepultamento, diretamente no cemitério. Naquele manhã tive que levar a Cláudia para alguns exames porque a médica havia detectado que o bebê estava passando por um sofrimento com o amadurecimento precoce da placenta. Com isso tivemos que antecipar o nascimento dele. No dia 19 nasceu o Pedro, nosso primogênito, muito aguardado e amado. O nosso coração se dividia entre a alegria da chegada do Pedro e a tristeza da partida do Janires.

Foram dias, meses, porque não dizer anos, de um profundo luto na MPC. Lembro-me como hoje o tanto que choramos naquele Som do Céu sem a presença de um de seus mentores, o velho Jajá. Quando a Banda Azul tocou tive que sair do circo tamanho nó na garganta.

Conheci o Janires no dia 25 de maio de 1985. Ele passou por Goiânia, para rever o seu amigo Baltazar – artilheiro de Deus, que na época jogava na Espanha, mas passava pela cidade para uns dias com a família. Ele aproveitou a oportunidade e fez uma participação especial no Clubão. Depois disso só voltei a encontrá-lo em BH no Treinamento de Líderes, em janeiro de 1986.

Desta feita o encontro foi estranho, como às vezes ele era estranho. Eu o cumprimentei, mas parece-me que ele não se lembrou que já nos conhecíamos. Me tratou de maneira áspera, como tratava todo aquele ou aquela que vinha com tietagem pro seu lado. Não era o caso – eu apenas o cumprimentei e perguntei como iam as coisas. Depois dessa atitude dele, adotei a postura de ficar na minha. No entanto, no almoço do outro dia eu estava no refeitório, totalmente sem grana para comprar um refrigerante – coisas de um missionário. De repente vi um vulto colocar na minha frente um refrigerante. Quando levantei o rosto vi que era o Janires. Ele me olhou e disse: “É pra você!”. Imagino que havia se lembrado do nosso encontro em Goiânia e, ao mesmo tempo, percebeu que eu estava sem dinheiro. Aliás, essa sensibilidade era uma de suas fortes características.

Daí para frente cresceu uma amizade sólida entre nós. Sempre que visitava sua mãe em Brasília, passava uns dias em minha casa, em Goiânia. Fizemos clubinhos bíblicos juntos, impactos, clubões, acampamentos e muitas outras atividades. Só no ano de 1987 a Banda Azul esteve em Goiânia seis vezes.

Foi ele quem nos indicou o Estúdio 464 no Rio, do Hermínio, para gravarmos o primeiro LP do Expresso Luz. Na ocasião o Expresso foi cantar na MPC Petrópolis, em junho de 1987 e descemos ao Rio para conhecer o estúdio. Lá estava a Banda Azul gravando o “Espelho nos Olhos”. Um mês depois voltaríamos ao Rio para gravar o nosso disco.

Certa feita recebemos uma ligação internacional em casa. Era o velho Jajá, diretamente dos EUA: “Carlinhos, tô levando um baixo para você”. Ele sabia que eu não tinha ainda meu instrumento e sempre precisava de que alguém me emprestasse. Era um Ibanez, cor de madeira, maravilhoso.

Agora, vinte anos depois de sua morte, aceito o desafio do Marcelo Gualberto de pensarmos num show que relembre a obra do Janires. Estou aqui ouvindo novamente aquelas canções que fizeram a nossa cabeça e, consequentemente, relembrando os nossos encontros. Percebo o tanto que o contexto da música cristã mudou, como os valores do passado se perderam e como hoje os artistas cristãos pensam muito mais na sua carreira e no sucesso pessoal invés de consagrarem suas vidas no anúncio de Cristo Jesus através das canções e da vida.

Deu uma vontade doida de gravar um CD só com músicas do velho Jajá, com arranjos bem brasileiros, do jeito que sei e gosto de fazer. É um sonho... Espero que os detentores dos direitos autorais dessas canções me permitam levar esse sonho adiante.

Nesses dias, nesse exercício de olhar para o passado, tenho como que reconsagrado ao Senhor a minha vida e a minha música e pedido para que Ele me guie por suas veredas. Desejo, assim como Janires e tantos outros homens e mulheres de Deus, deixar um rastro luminoso por detrás, sinal claro de Deus em minha vida. Que seja assim, para a Glória do Pai!

25 janeiro 2008

Sabiá companheiro


Foi nesse janeiro de 2008. Férias em Soído, Serra do Mar, no Espírito Santo. Todas as manhãs a gente ouvia uma batida, como se alguém estivesse à porta. Já haviam me alertado acerca dele. Era um sabiá que todo dia vinha acordar a gente para a vida. Ficava batendo com o bico na janela... toc, toc,toc... Depois subia para uma árvore próxima e cantava bonito que só vendo. Voltava à janela, toc, toc, toc depois voava. Um ciclo que se repetia a cada novo dia.

Os visitantes de Soído andavam irritados com essa criaturinha que não os deixava, em férias, descansar até mais tarde. Chegaram até em pensar numa forma de capturá-lo e enviá-lo para outras matas. Mas eu alertei: “Deixa o Passarim... Ele só está nos convidando para a vida!”.

Virou até poesia que virou música.

Taí a foto que tirei do danado, prá que eu não passe por mentiroso.



Sabiá cantou no “gáio do pau”
Lembrando que a vida
tão bela floresce

Sabiá bateu na minha janela
Lembrando que o dia tão lindo
lá fora me espera

A natureza inteira respira
Entoa louvores aos céus
Enquanto adormeço silente, sabiá
Eu vou despertar e louvar ao Deus Criador
Pois quando o meu canto eu entôo
Sua presença me vem libertar