Depois de 15 longos anos voltei ao Rio Araguaia. Como pude viver todo esse tempo sem voltar às suas margens, sem beber da sua liberdade, sem caminhar por suas brancas areias? Que belo foi reencontrar o Boto dançando nas suas águas, sentir a cruviana soprando enquanto deitado na rede, navegar a infinitude de seu leito, se deleitar nas belezas ocultas do Lago Cocal, do São José...
Foi bom demais sentir o mandubé cantando na linha de pesca, tocar viola sentindo a brisa leve do rio soprar. Foi reencontrar com boa parte de mim perdida nas muitas ocupações da corrida vida.
Lembrei-me quando era menino, 10 anos, boquiaberto, no porto de Bandeirantes, olhando para aquele “mar” como se não pudesse existir nada mais tão belo e tão imenso. Depois tomar o batelão e atravessar o rio, ouvindo aquele homem embriagado de cachaça e de beleza gritar incontido: “Eita, Araguaia moleque”. Pisar o solo matogrossense pela primeira vez e sentir a areia branca e fina cantar nos pés... uip, uip, uip...
Foi um retorno, foi um reencontro.
Como Deus faz coisas tão belas! A natureza revela o amor de Deus, seu poder e sua infinitude. Louvado seja o Senhor!