15 outubro 2009

conheci o sítio brejinho


Fim de semana inspirado este. Depois de passar por Salvador, onde participei com o Pedro Veiga (baixo) e Ismael Rattis (percussão) do congresso “Transformando a Missão”, seguimos direto para Garanhuns (PE). Estivemos ali contribuindo com o Congresso da MPC daquela cidade, que comemorava seus cinco anos de ministério. O tema “Cidade de Deus, cidade dos homens” era bem sugestivo e apontava para uma reflexão e uma prática missionária para a cidade.

Durante esses dias tivemos o privilégio de ser recebido na casa do companheiro de ministério Marcos André Fernandes, ou como é conhecido, Marcos Sal da Terra. Marcos mora no Sítio Brejinho, distante poucos quilômetros de Garanhuns. Sua casa é uma maravilha. Nada de luxo ou opulência: é um lugar simples, muito bem cuidado e cheio de amor por todos os cantos. Sua esposa, Betânia, é uma mulher especial, companheira no sentido mais literal da palavra. Seus filhos Larissa e Gabriel são meninos especiais: além de bonitos, muito educados. Larissa é mais espontânea, Gabriel, mais retraído. Enquanto ela se deleitava no computador e nas conversas, ele ficava entre as árvores do enorme quintal, brincando com a natureza.

Todo dia de manhãzinha era a hora de saborearmos aquele café gosto, quentinho, fumegando, acompanhando de variados tipos de pão, bolos e o inesquecível queijo de coalho, passado na frigideira. Êita trem ajeitado, visse?

Assim que retornei, escrevi para o Marquinhos (já percebeu a intimidade, não é?) dizendo que esses encontros são fantásticos porque vão transmutando a nossa admiração. Passamos de tiete (admiradores de longe), onde quase divinizamos as pessoas, para amigos (admiradores de perto) onde humanizamos as pessoas. Já tive o privilégio de recebê-lo em minha casa em Brasília; agora foi a vez de ser recebido. E assim a amizade que humaniza vai sendo cultivada.

O Sítio Brejinho é uma bênção na vida dessa família. Apesar de estar no nordeste, que tem sido conhecido pela seca, o local está cercado por uma verde mata o ano inteiro. Agora mesmo, em outubro, apesar de estar a vários meses sem chuva, a mata está verdinha e os pés de pitanga, caju e acerola carregados de flores e frutos.

Além do mais, Garanhuns é área de transição – situada no Agreste pernambucano, região normalmente de clima mais frio e ameno – é portal de entrada para o sertão. Cerca de 60 km dali você já entra numa das áreas mais sofridas do país, lugar de pobreza, miséria, fome, idolatria, analfabetismo, escassez e todo tipo de estiagem. Estranho, como uma das regiões mais ricas culturalmente pode ser ao mesmo tempo uma das mais pobres monetariamente.

E é exatamente aí, onde impera a seca, que o Marcos, juntamente com o Sal da Terra, fazem missão. Bem que ele poderia ignorar a miséria ao lado e se deleitar no Sítio Brejinho, fazendo canções, cuidando de seu pomar, realizando seus projetos pessoais. Mas, ao contrário, usufrui pouco desse espaço, porque sua vida se resume em percorrer os cantos mais escuros desse sertão levando a Água da Vida aos sedentos.

Marquinhos, Betânia, Larissa e Gabriel. Vocês têm minha admiração e meu respeito. É bom caminhar com “cabras” como vocês.

Um comentário:

marcos sal da terra disse...

Somos gratos a Deus e nos sentimos honrados em hospedá-los. Como vocês perceberam, nós nunca fechamos a cancela, a exemplo do nosso coração, ela está sempre aberta.
Voltem sempre,
Abraços,
Marcos Sal da Terra e família