28 julho 2009

um pouco mais sobre codó

Pedro Veiga no Banho São José (foto de Beto Ribeiro)


Os dias que a troupe “Pelas estradas desses brasis” esteve em Codó foram ricos de muita comunhão. Até uma tarde no “Banho São José” pudemos usufruir, com direito ao um almoço regado a carne de tatu. Coisas de Anselmo Neto, o produtor da viagem. Foi um tempo agradável de descanso, depois de muito trabalho.

No entanto, fizemos questão de conhecer também o lado sombrio de Codó. Nem tudo lá são flores e risos. Sabemos que o Maranhão também sofre da mesma disparidade social de todo o país e Codó, não é exceção à regra.

Numa tarde demos um giro pelos bairros de São Pedro e Codó Novo e o que vimos foi dezenas de crianças com os pés descalços correndo pelas ruas, brincado ao som do sempre presente reggae e também do sucesso gospel “Faz um milagre em mim”, de Regis Danese. As casas em sua maioria eram de taipa, algumas tendo por telhado folhas de babaçu. Pelas ruas escorria o esgoto a céu aberto.


(foto de Beto Ribeiro)

Segundo fomos informados, o inchaço de Codó se deu a partir da segunda metade dos anos 70, quando as terras foram apropriadas por empresários da região que forçaram o povo do campo a se deslocar para as cidades por questão de sobrevivência. O resultado, como era de se esperar, foi o aumento do bolsão de miséria em torno da cidade.

Estivemos na delegacia da cidade numa quarta-feira pela manhã. Um dos integrantes da nossa banda havia perdido seus documentos. Ficamos impressionados com o intenso movimento de pessoas no local registrando a ocorrência de assaltos, agressões e outros delitos. A violência é apenas uma das manifestações do que a injustiça social pode gerar.

E o que a igreja tem feito para mudar esse quadro? Essa é a pergunta que sempre vem à tona, não só em Codó, mas em todos os lugares por onde temos passado, inclusive em nossas próprias cidades. Tenho percebido que algumas igrejas tem se mobilizado para transformar a realidade das famílias carentes de nosso país e isso é fruto de uma leitura mais encarnada do Evangelho. A Missão Integral tem ajudado muito as igrejas de nosso país a compreenderem sua ação missionária de modo abrangente e bíblico. Mas as manifestações dessa encarnação ainda são raras. Estamos apenas à caminho...

Digo isto porque naqueles dias estávamos visitando uma região que foi grandemente prejudicada pelas chuvas torrenciais do início do ano. Pelos noticiários víamos as populações do Maranhão e Piauí desesperadas, perdendo tudo o que tinham por causa dos rios que transbordaram. No entanto, dois meses depois estávamos no local dos flagelos e em momento algum ouvimos ou vimos alguma ação das igrejas evangélicas com respeito aos desabrigados. Nem mesmo ouvimos alguém tocar no assunto.

Lembrei-me da Rosa, uma irmã da nossa igreja em Brasília, que abalada com as notícias sobre as chuvas em Santa Catarina começou a procurar na internet uma igreja que estivesse acolhendo os desabrigados ou mesmo fazendo algo para ajudá-los. Ela desejava contribuir com uma ação social que partisse de uma comunidade evangélica. Depois de muita procura me disse frustrada: “não consegui encontrar uma só igreja que esteja fazendo algo”. “É uma pena, Rosa...”

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