A empresa britânica Today Translations produziu recentemente uma lista com as palavras mais difíceis do mundo para se traduzir, segundo a opinião de mil tradutores profissionais. A palavra em português “saudade” figurou na lista em sétimo lugar. A grande dificuldade é mais que um problema puramente técnico. É questão de entender um sentimento tão culturalmente abstrato e explicá-lo por meio da escrita.
Nessa tarefa, os bons dicionários estrangeiros precisam fazer malabarismo. Até mesmo os dicionários da língua portuguesa enfrentam problemas com o verbete. Para o Houaiss, saudade é um “sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável”. Apesar de todo o esforço, ainda falta algo.
Parece-me que a tradução de sentimentos, pela sua subjetividade, são mais discerníveis nas palavras de poetas. Tom Jobim e Vinícius de Morais cantaram: “chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz / não há beleza, é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai”. Djavan e Chico Buarque fizeram uma canção dizendo “Era tanta saudade / É, pra matar / Eu fiquei até doente / Eu fiquei até doente, menina / Se eu não mato a saudade / É, deixa estar”.
Mas, quem mais cantou a saudade foi o homem do campo, do interior: “Saudade palavra triste quando se perde um grande amor / na estrada longa da vida, eu vou chorando a minha dor” (Gimenez, Fortuna e Pinheirinho Jr.)... “A saudade nas noites de frio / em meu peito vazio irá se aninhar / A saudade mata a gente, morena, / A saudade é dor pungente, morena!” (Barro e Almeida) ... “A tua saudade corta / como aço de navaia / O coração fica aflito / bate uma, a outra faia / e os óio se enche d’água / que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai” (Vanzolini e Xandó). Patativa do Assaré, grande poeta popular, escreveu: “Saudade dentro do peito / É qual fogo de monturo / Por fora tudo perfeito, / Por dentro fazendo furo. / Há dor que mata a pessoa / Sem dó e sem piedade, / Porém não há dor que doa / Como a dor de uma saudade. / (...) A saudade é jardineira / Que planta em peito qualquer / Quando ela planta cegueira / No coração da mulher, / Fica tal qual a frieira / Quanto mais coça mais quer”.
Sentimos saudades da infância, dos pais, dos amigos, de momentos eternizados na memória. Mas, sem dúvida alguma uma saudade é mais forte. Talvez, para muitos, ela seja até indecifrável e, por isso, tratada como doença da alma. As fábricas já produzem remédios para abrandar essa saudade. Eu falo da saudade do Eterno, do Pai. Saudade de algo quem nem ainda aconteceu.
Deus quando cria o ser humano se relaciona com ele. Não o cria e o abandona no jardim. Não! Na viração do dia, o Senhor se encontrava com o homem e a mulher. E conversavam e o Senhor olhava para eles e compreendia os seus sentimentos como Pai amoroso. Mas, veio o pecado. O ser humano optou pela desobediência e uma separação traumática se deu. Um fosso surgiu entre o Deus Santo e o homem pecador. A alma foi dilacerada pela ausência do Pai. O ser humano sofreu e sofre a ausência do seu amado Senhor.
Alguns chamam essa lacuna no coração do homem de “vazio cósmico”. Outros de “vazio existencial”. Uma saudade não sei do quê, não sei de quem, uma incompletude que corrói, que angustia, que aflige. Digo, sem medo de errar: é saudade de Deus, saudade dos braços do Pai. Saudade de sentir bem perto o amor de quem nos criou e nos ama verdadeiramente. Poderemos fazer de tudo para tentar resolver esse vazio: paixões, amores por pessoas ou coisas; imersão total nos estudos ou no trabalho; desejar os bens e as riquezas, o poder e o prestígio – mas nada disso poderá preencher essa saudade do Eterno que está alojada dentro de todo ser humano. Saudade que clama, “tal qual frieira / quanto mais coça mais quer”.
Essa saudade será totalmente apagada quando voltarmos à casa do Pai, de onde viemos. E ouviremos da boca de Jesus, o nosso Redentor: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mateus 25.34). E a palavra saudade desaparecerá de todos os dicionários. Não mais existirá... em nenhuma língua!
Nessa tarefa, os bons dicionários estrangeiros precisam fazer malabarismo. Até mesmo os dicionários da língua portuguesa enfrentam problemas com o verbete. Para o Houaiss, saudade é um “sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável”. Apesar de todo o esforço, ainda falta algo.
Parece-me que a tradução de sentimentos, pela sua subjetividade, são mais discerníveis nas palavras de poetas. Tom Jobim e Vinícius de Morais cantaram: “chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz / não há beleza, é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai”. Djavan e Chico Buarque fizeram uma canção dizendo “Era tanta saudade / É, pra matar / Eu fiquei até doente / Eu fiquei até doente, menina / Se eu não mato a saudade / É, deixa estar”.
Mas, quem mais cantou a saudade foi o homem do campo, do interior: “Saudade palavra triste quando se perde um grande amor / na estrada longa da vida, eu vou chorando a minha dor” (Gimenez, Fortuna e Pinheirinho Jr.)... “A saudade nas noites de frio / em meu peito vazio irá se aninhar / A saudade mata a gente, morena, / A saudade é dor pungente, morena!” (Barro e Almeida) ... “A tua saudade corta / como aço de navaia / O coração fica aflito / bate uma, a outra faia / e os óio se enche d’água / que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai” (Vanzolini e Xandó). Patativa do Assaré, grande poeta popular, escreveu: “Saudade dentro do peito / É qual fogo de monturo / Por fora tudo perfeito, / Por dentro fazendo furo. / Há dor que mata a pessoa / Sem dó e sem piedade, / Porém não há dor que doa / Como a dor de uma saudade. / (...) A saudade é jardineira / Que planta em peito qualquer / Quando ela planta cegueira / No coração da mulher, / Fica tal qual a frieira / Quanto mais coça mais quer”.
Sentimos saudades da infância, dos pais, dos amigos, de momentos eternizados na memória. Mas, sem dúvida alguma uma saudade é mais forte. Talvez, para muitos, ela seja até indecifrável e, por isso, tratada como doença da alma. As fábricas já produzem remédios para abrandar essa saudade. Eu falo da saudade do Eterno, do Pai. Saudade de algo quem nem ainda aconteceu.
Deus quando cria o ser humano se relaciona com ele. Não o cria e o abandona no jardim. Não! Na viração do dia, o Senhor se encontrava com o homem e a mulher. E conversavam e o Senhor olhava para eles e compreendia os seus sentimentos como Pai amoroso. Mas, veio o pecado. O ser humano optou pela desobediência e uma separação traumática se deu. Um fosso surgiu entre o Deus Santo e o homem pecador. A alma foi dilacerada pela ausência do Pai. O ser humano sofreu e sofre a ausência do seu amado Senhor.
Alguns chamam essa lacuna no coração do homem de “vazio cósmico”. Outros de “vazio existencial”. Uma saudade não sei do quê, não sei de quem, uma incompletude que corrói, que angustia, que aflige. Digo, sem medo de errar: é saudade de Deus, saudade dos braços do Pai. Saudade de sentir bem perto o amor de quem nos criou e nos ama verdadeiramente. Poderemos fazer de tudo para tentar resolver esse vazio: paixões, amores por pessoas ou coisas; imersão total nos estudos ou no trabalho; desejar os bens e as riquezas, o poder e o prestígio – mas nada disso poderá preencher essa saudade do Eterno que está alojada dentro de todo ser humano. Saudade que clama, “tal qual frieira / quanto mais coça mais quer”.
Essa saudade será totalmente apagada quando voltarmos à casa do Pai, de onde viemos. E ouviremos da boca de Jesus, o nosso Redentor: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mateus 25.34). E a palavra saudade desaparecerá de todos os dicionários. Não mais existirá... em nenhuma língua!
Um comentário:
Que bonita reflexão sobre a saudade!
Tive um experiencia sublime em relação á isso, quando enfrentava intensa saudade do Brasil e da minha família. Meditando a letra de uma musica, encontrei-me a perceber que o único lugar onde nao sentimos saudades é no nosso lar. Deus me consolou, com a verdade de que um dia ali na nossa Casa, juntinho com Ele nunca mais teremos saudades!De nada...
Resolvi não mais lamentar as saudades, mas apenas vivê-la, na esperança de que um dia esse sentimento nao existirá mais em nossos corações.. rsrs
Abraços em vcs, temos lindas lembranças do curto tempo com vcs !
Paula - esposa Edinho, missionários Burkina Fasso.
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